A minha vizinha do 1º andar está a precisar de umas aulas de código, isto porque insiste em estacionar o carro ( que por acaso é pequeno) a ocupar dois lugares. Claro está que aqui a Je quando chega ás tantas da madrugada tem de deixar o carro para lá de onde o gato perdeu as botas porque a madame que um dia já soube estacionar atira com o carro para qualquer lado sem se preocupar com os outros.

Isto incomoda-me solenemente.

A senhora pode estacionar onde bem lhe apetecer o que se agradecia era que respeita-se os outros estacionando o carro dentro das linhas visto que não há estacionamento a sobrar.

Ando indecisa se lhe vou lá bater á porta ou se lhe deixo uns gráficos ilustrativos no pára-brisas sobre como estacionar correctamente dentro das linhas.

Opiniões?!

Pegou na irmã pela mão e desceram as duas rua abaixo. As casinhas coloridas coladas umas ás outras, faziam-na recordar o tempo em que ali só havia o cheiro das flores, fazia anos que não descia aquela rua a pé, e no entanto passava lá todas as semanas para visitar os pais e a casa onde cresceu.

Parecia-lhe tudo diferente, agora que podia ver as coisas com uma atenção delicada, quase irónica.

Levava numa mão a tesoura e na outra a delicada mão da irmã mais velha. Desceram a rua, recordando a doce infância que ali haviam passado, contando histórias há muito esquecidas, sorrindo e apanhando flores coloridas pelo caminho.

Sentou-se numa rocha, fechou os olhos, o perfume das flores, o riso familiar da irmã ao longe, o vento suave e quente a flutuar no cabelo, fizeram-na sentir-se novamente aquela menina rebelde e doce numas calças gastas e t'shirt desbotada com as tranças a voar ao vento.

O rosto abriu-se num sorriso, foi a mais bonita recordação de sempre.