Pegou na irmã pela mão e desceram as duas rua abaixo. As casinhas coloridas coladas umas ás outras, faziam-na recordar o tempo em que ali só havia o cheiro das flores, fazia anos que não descia aquela rua a pé, e no entanto passava lá todas as semanas para visitar os pais e a casa onde cresceu.
Parecia-lhe tudo diferente, agora que podia ver as coisas com uma atenção delicada, quase irónica.
Levava numa mão a tesoura e na outra a delicada mão da irmã mais velha. Desceram a rua, recordando a doce infância que ali haviam passado, contando histórias há muito esquecidas, sorrindo e apanhando flores coloridas pelo caminho.
Sentou-se numa rocha, fechou os olhos, o perfume das flores, o riso familiar da irmã ao longe, o vento suave e quente a flutuar no cabelo, fizeram-na sentir-se novamente aquela menina rebelde e doce numas calças gastas e t'shirt desbotada com as tranças a voar ao vento.
O rosto abriu-se num sorriso, foi a mais bonita recordação de sempre.