Deixo aqui um pequeno excerto de um texto que escrevi há uns anos.
Beijinhos
(...)
Estacionou o carro o mais perto que pode da praia. Era apenas ela e um grande lençol de areia que se estendia até perder de vista e banhava a lagoa e o mar.
Tirou uma toalha de banho do saco que costumava levar para o ginásio, da bagageira, decalçou os ténis, pegou na pequena caixinha que trazia consigo e dirigiu-se á praia.
Os restaurantes e as tascas estavam já fechados, e já ninguem estava a trabalhar nas dragas. Não se via ninguem por perto. Até mesmo os pescadores já se haviam recolhido.
Percorreu o longo caminho junto á margem da lagoa e depois continuou em frente até ao declive que dava para o mar aberto.
Agora era apenas ela e as recordações naquela praia vazia que tanto amava.
Por cima da sua cabeça, um céu de veludo ia-se tornando mais espesso e escuro á medida que o sol se entregava ao mar e ia lentamente anoitecendo.
Já eram visiveis algumas estrelas recortadas no azul escuro do céu, manchas brancas das nuvens que se tornavam escuras e traços com vários tons de rosa e alaranjado que pintavam o céu numa tela gigante...
Estendeu a toalha de banho na areia humida, rente onde as ondas morriam e deixou-se ficar a olhar para o infinito, depois deitou-se e fechou os olhos, tentou recordar-se da última vez que teria feito algo semelhante, mas não conseguiu e tentou imaginar quantas pessoas estariam naquele preciso momento a fazer o mesmo que ela noutras praias desertas por ai...
(...)