E não, este blog não fala sobre ervilhas.

Domingo, 20 de Maio de 2007

 

 

 

Sem dúvida um dos contos mais bonitos de sempre.  Este excerto em particular é o meu favorito.

O principezinho

(...)

Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! - Disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
- Estou aqui – disse a voz – debaixo da macieira.
- Quem és tu? - Perguntou o principezinho. - És bem bonita...
 – Sou uma raposa – disse a raposa.


(...)
 – Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
 – Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou...

(...)
 – «Cativar» quer dizer o quê? – Perguntou o principezinho?
 – É a única coisa que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. - Quer dizer criar laços…
 – «Criar Laços»?


- Sim, laços – disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti...

(...)
 – Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas com outras e os homens são todos parecidos uns com os outros. Por isso, às vezes, aborreço-me muito. Mas, se tu me cativares, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, repara! Estás a ver aqueles campos de trigo ali adiante? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vai ser maravilhoso!

O trigo é dourado, e há-de fazer-me sempre lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho. durante muito tempo.
- Por favor...cativa-me! - Acabou finalmente por pedir.

-Eu bem gostava – respondeu o principezinho –, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e muitas coisas para compreender.

- Só compreendemos o que cativamos – disse a raposa. – Os homens deixaram de ter tempo para compreender o que quer que seja. Compram as coisas já prontas nas lojas. Contudo não há nenhuma loja onde possa comprar-se amizade e, portanto, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me…


- E tenho de fazer o quê? - Perguntou o principezinho.
- Tens de ter muita paciência – respondeu a raposa. - Primeiro, sentas-te longe de mim…assim…na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. As palavras são uma fonte de mal-entendidos. Mas podes sentar-te cada dia  um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.

(...)
Foi assim que o principezinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - Exclamou a raposa – ai que me vou pôr a chorar...
 – A culpa é tua – disse o principezinho.- Eu não te desejava mal nenhum, mas tu quiseste  que eu te cativa-se…
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - Disse o principezinho.
- Pois vou – disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
 – Ai isso é que ganhei! - Disse a raposa. - Por causa da cor do trigo... – E em seguida acrescentou:

-Anda, vai ver as rosas outra vez. Vais compreender que a tua é única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.

 

O principezinho afastou-se e foi ver as rosas outra vez.

-Voçês não são nada parecidas com a minha rosa – disse-lhes ele.

- Vocês não são nada. Ninguém vos cativou e vocês não cativaram ninguém. São como a minha raposa era quando a conheci. Ela era apenas uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e ela passou a ser única no mundo.

E as rosas ficaram bastante arreliadas.

 

-Vocês são bonitas, mas vazias – insistiu o principezinho. – Não se pode morrer por vocês. É claro que para um transeunte qualquer, a minha rosa é igual a vocês. Mas sozinha, é muito mais importante do que vocês todas juntas. Porque foi ela que eu reguei; porque foi ela que eu protegi com o biombo. Porque foi por ela que eu matei as lagartas. Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.

E depois voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus...
 – Adeus – disse a raposa. E agora vou contar-te o tal segredo. É um segredo muito simples:
só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
 – O essencial é invisível para os olhos – repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
 – Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
 – Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... – repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
 – Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és responsável pela tua rosa...’’


 (O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry)

A ler:: Eu Menti...

 

 

Pegou na irmã pela mão e desceram as duas rua abaixo. As casinhas coloridas coladas umas ás outras, faziam-na recordar o tempo em que ali só havia o cheiro das flores, fazia anos que não descia aquela rua a pé, e no entanto passava lá todas as semanas para visitar os pais e a casa onde cresceu.

Parecia-lhe tudo diferente, agora que podia ver as coisas com uma atenção delicada, quase irónica.

Levava numa mão a tesoura e na outra a delicada mão da irmã mais velha. Desceram a rua, recordando a doce infância que ali haviam passado, contando histórias há muito esquecidas, sorrindo e apanhando flores coloridas pelo caminho.

Sentou-se numa rocha, fechou os olhos, o perfume das flores, o riso familiar da irmã ao longe, o vento suave e quente a flutuar no cabelo, fizeram-na sentir-se novamente aquela menina rebelde e doce numas calças gastas e t'shirt desbotada com as tranças a voar ao vento.

O rosto abriu-se num sorriso, foi a mais bonita recordação de sempre.

A ler:: Eu Menti...
sinto-me: Nostálgica

 

'Recomeça se puderes sem angustia e sem pressa e os passos que deres nesse caminho duro do futuro, dá-os em, liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.'

 

Miguel Torga

 

A ler:: A criança que não queria falar - Torey Hayden

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